Em primeiro lugar, a moda como o grande público consome, não é arte. É comércio.
E o intuito de qualquer comerciante é um só: vender. Para que isso aconteça todos os artifícios são usados: desfiles com modelos maravilhosas, propagandas e editoriais em revistas, merchandising na atriz da novela e a lista segue até que a informação fique na sua cabeça e você se convença de que não pode mais viver sem aquilo.
As empresas estão erradas? De forma alguma! O comércio move o mundo, gera empregos e faz, principalmente, com que a nossa vida seja menos monótona já que ansiamos por essas novidades. Mas eu vejo aqui dois problemas: um quando algo de gosto muito duvidoso cai no senso comum e outro que as pessoas sintam a obrigação de se uniformizarem com algo que nem sempre faz sentido para elas (sendo de gosto duvidoso ou não).
Um exemplo que ilustra bem o que quero dizer é o das clogs. Até menos de um ano atrás, elas eram abominadas, sinônimos de cafonismo. Aí veio o Karl Lagerfeld e trouxe o ícone para a passarela da Chanel. Porque ele é o "kaizer da moda", de repente, até em grandes lojas de departamento em que, teoricamente, essas propostas só chegavam quando o público formador de opinião já tinha usado até a exaustão, já podemos encontrá-las.
Até aí, acho maravilhoso que tenha chegado tão rápido ao grande público quanto chegou ao consumidor mais privilegiado. É a democratização da moda! O que eu questiono é: Isso quer dizer que você precisa usá-la? Que combina com você? Não! Não necessariamente. Se você não se sentir confortável usando este (ou qualquer outro) modelo, se não combinar com a sua personalidade, com o resto das suas roupas e com o seu estilo de vida, não compre.
Claro, se você quer experimentar algo novo e, principalmente, acha que pode dar certo vá em frente. A moda está aí para isso. Mas esqueça a revista, a novela, a passarela, a vizinha e a melhor amiga. Afinal, quem vai usar é você.
Numa época em que a moda deixa de ter "tendências" para agradar a todos os gostos, me surpreende que as pessoas queiram andar iguais ao resto do mundo.
Érica Minchin trabalha com pesquisa, criação e desenvolvimento de produtos em moda e ministra cursos e palestras sobre imagem e tendências. Ela ensina que aparência é a ferramenta de comunicação não-verbal mais poderosa e estimula explorar as melhores maneiras de fazer uso dela. Contato: contato@ericaminchin.com
Fonte [Vila fashion]
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