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Quando Dilma Rousseff assumir a presidência do Brasil no próximo 1º de janeiro, engrossará a lista de mulheres que comandam as rédeas de alguns países latino-americanos. E a brasileira, que venceu com 56% dos votos válidos no segundo turno das eleições de domingo, não é a primeira mulher na região que conquista nas urnas a simpatia de seus compatriotas.
Algumas chegaram à arena política depois da morte de seus maridos, outras desenvolveram suas carreiras em movimentos sociais e políticos. Saiba quem foram as mulheres que dirigiram os destinos de Argentina, Chile, Costa Rica, Bolívia, Equador, Nicarágua e Panamá, antes da eleição da brasileira Dilma.
Dilma Rousseff, Brasil, 2011
Dilma será a primeira mulher a assumir a presidência do Brasil. Membro do Partido dos Trabalhadores, eleita em um país de 200 milhões de habitantes e que se perfila como potência global. Burocrata de carreira, Dilma foi ministra de Minas e Energia durante o governo de Luis Inácio Lula da Silva, que se tornou seu padrinho e mentor e cujas políticas, assegura, irá continuar. Os que conhecem Dilma a descrevem como uma mulher determinada e pragmática. Um de seus apelidos é "dama de ferro". Dizem que é inteligente, com uma mente estratégica e lógica. Seu pai foi um imigrante da Bulgária e sua mãe, professora. Como estudante, na década de 1960, tomou parte num grupo armado de esquerda que lutava contra a ditadura militar. Ainda que assegure nunca ter participado de atos de violência, era considerada uma figura chave no movimento. Dilma esteve presa três anos, período no qual foi torturada. Depois de sua saída da prisão, em 1973, retomou seus estudos de economia e começou a carreira como funcionária pública.
Laura Chinchilla, presidente da Costa Rica, 2010
Laura Chinchilla ocupou vários cargos no governo antes de assumir a presidência da Costa Rica. Laura tomou posse em maio de 2010, depois de uma contundente vitória em fevereiro. Vinda de uma família que não é alheia da política, Laura militou no centrista Partido de Libertação Nacional. Antes de assumir a presidência, foi vice-presidente durante o governo de Oscar Arias. Estudou na Costa Rica e nos Estados Unidos, na Universidade de Georgetown. Laura é definida como uma "conservadora social", que se opõe ao casamento homossexual e ao aborto. Prometeu continuar com a política de livre mercado do ex-presidente Arias e assinar mais tratados de livre comércio.
Cristina Fernández, presidente da Argentina, 2007
Cristina esteve envolvida em organizações de direitos humanos. Sucessora de seu marido, Néstor Kirchner, venceu no primeiro turno das eleições de outubro de 2007. Os dois trabalharam muito próximos e foram chamados de "os Clinton do sul". Cristina conta com uma longa carreira política que data do final dos anos 1980. Foi senadora pela província de Santa Cruz e pela de Buenos Aires. Estudou direito e é conhecida por seu trabalho em defesa dos direitos humanos e das mulheres.
Michelle Bachelet, presidente do Chile, 2006-2010
Michelle, candidata do Partido Socialista, assumiu a presidência do Chile em março de 2006. Antes foi ministra da Defesa, cargo que nunca havia sido ocupado antes por uma mulher na América Latina, e ministra da Saúde. Estudou estratégia militar, pediatria e epidemiologia. Na década de 1970 – no começo da ditadura de Augusto Pinochet – seu pai foi preso, acusado de traição. Michelle e sua mãe também foram presas e torturadas. As duas se exilaram. Como ministra da Saúde, causou revolta entre os católicos de seu país ao permitir a distribuição gratuita da pílula do dia seguinte para vítimas de abuso sexual. Deixou o poder em março de 2010 com uma popularidade superior a 80%. Atualmente é diretora da agência dedicada a temas de gênero da Organização das Nações Unidas.
Mireya Moscoso, presidente do Panamá, 1999-2004
Mireya foi a primeira mulher a presidir o Panamá. Ganhou as eleições em maio de 1999 e, um anos depois, esteve à frente da entrega, pelos Estados Unidos, do Canal do Panamá ao seu país. Mireya começou sua carreira política depois da morte de seu marido, Arnulfo Arias, três vezes presidente panamenho. De origem humilde, estudou decoração de interiores e prometeu reduzir a pobreza durante sem mandato. No entanto, seu governo foi salpicado por denúncias de corrupção.
Rosalia Arteaga, presidente interina do Equador, 1997
Rosalia assumiu a presidência interina do Equador por dois dias em fevereiro de 1997, quando o presidente Abdalá Bucaram foi destituído depois de ser declarado incapaz de governar. Rosalia, que era vice-presidente, disputou a presidência em 1998, mas teve uma porcentagem muita pequena de votos.
Violeta Chamorro, presidente da Nicaragua, 1990-1997
Violeta entrou para a arena política depois da morte do marido. Em abril de 1990, venceu Daniel Ortega e tornou-se presidente. Foi a candidata da União Nacional de Oposição, uma coalizão de partidos que tentava enfrentar os sandinistas. Sua candidatura foi apoiada pelos Estados Unidos, que levantou as sanções contra a Nicaragua depois de sua eleição. Violeta, que vem de uma família rica, foi educada no exterior. Começou na política depois que seu marido, Pedro Joaquín Chamorro, editor de um jornal de oposição, foi assassinado. Violeta é reconhecida por ter promovido a estabilidade e a paz na Nicaragua.
Lidia Gueiler Tejada, presidente interina da Bolívia, 1979-1980
Lidia foi designada presidente pelo Congresso boliviano depois do fracassado golpe de estado liderado por Natush Busch contra Walter Guevara. Tinha em suas mãos a condução da Bolívia até um novo processo eleitoral, mas foi vítima de um golpe que impediu as eleições. A contadora foi deputada e presidente da Câmara dos deputados antes de tomar posse na presidência. Mais tarde trabalhou como embaixadora da Bolívia em vários países.
Isabel Perón, presidente da Argentina, 1974-1976
María Estela Martínez de Perón foi a primeira mulher a assumir uma presidência na América Latina. Sucedeu o marido, o três vezes presidente Juan Domingo Perón, depois de sua morte em 1974. Foi a terceira mulher de Perón. Se casaram vários anos depois da morte da popular primeira-dama Eva Perón. Conhecida entre os argentinos como Isabel ou Isabelita, foi uma dançarina de cabaré. Durante seu governo aconteceram inúmeras greves de trabalhadores e centenas de assassinatos políticos. Foi derrubada por um golpe militar em 1976 e submetida a prisão domiciliar por vários anos antes de se exilar na Espanha. Em 2007, a Argentina emitiu uma ordem de prisão por supostos vínculos com grupos paramilitares de direita que operaram sob durante seu mandato. A Espanha rejeitou o pedido de extradição com o argumento de que não havia evidências suficientes contra ela.
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