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Viciados no mundo fashion podem se frustrar um pouco com o filme que conta a trajetória de Gabrielle "Coco" Chanel. O longa, que chega aos cinemas brasileiros no final do mês, conta a história da personagem antes da fama. Da menina que é deixada pelo pai num orfanato (e espera que ele volte para buscá-la), da cantora de cabaré, da costureira de bainhas.
A atriz francesa Audrey Tautou (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) incorporou Coco de um jeito sublime. Embora o papel já a rondasse há bastante tempo, foi a abordagem simplista (tanto quando à própria história de Coco) que a encantou. "Eu não queria fazer uma biografia, participar de uma espécie de saga contando a vida dela do nascimento até a morte. Imagine que Chanel viveu 87 anos! Inevitavelmente cairíamos nos clichês que pontuaram sua trajetória, e isso não me interessava. Eu tinha o desejo secreto de receber um convite com um ponto de vista particular, porque a modernidade dessa personagem - seu espírito e o status que deu às mulheres - me fascina".
Coco, apelido dado pelo pai ainda na infância, dá nome ao império de Chanel. Etienne Balsan (Benoît Poelvoorde), o protetor que ofereceu refúgio seguro à jovem, também adora chamá-la assim. E aprendeu a amá-la, durante o período que dividiram o mesmo teto. O problema é que Coco não acreditava no amor.
Repetindo o padrão familiar, deixou o amor em segundo plano. Achava o casamento um erro e considerava opressoras às convenções de sua época. Preferia usar as roupas dos homens com quem se envolvia aos belos vestidos que eles por ventura lhe presenteavam. O único que amou de verdade - o inglês Boy Capel (Alessandro Nivola) - perdeu antes de poder desfrutar por completo. Tanto Etienne quanto Boy tiveram influência decisiva na trajetória de Coco. Um porque acreditava no talento dela. Outro porque estava por perto, sempre que ela precisou.
O filme deixa a nítida impressão de que Coco não foi feliz. Parecia que sempre estava faltando um pedaço, um algo a se buscar. "Perdi tudo ao perder Capel", declarou certa vez. E depois da morte dele, mergulhou intensamente no trabalho, inventando, criando, se profissionalizando mesmo. "Há nela uma grande determinação e muita vulnerabilidade ao mesmo tempo. Chanel possuía uma vitalidade incrível, oriunda de seu sofrimento", diz Anne Fontaine, diretora do thriller.
Coco não gostava de "precisar" de ninguém. A independência foi mais buscada que a felicidade. A liberdade mais almejada que o coração cheio. No início de um século que serviu de armadilha para muitas mulheres, ela preferiu à dureza ao sentimentalismo. Coco se inventou, chamou atenção pela provocação, quis que o mundo se adaptasse a sua personalidade. E o mundo, com gosto, assim o fez.
Influências
Quando foi deixada num orfanato do mosteiro de Aubazine, religiosas lhe ensinaram a arte da costura. E é de lá que vieram as primeiras influências: dos uniformes, sóbrio, pretos, e muito bem alinhados. Depois, para se diferenciar das prostitutas do cabaré onde cantava, preferia os vestidos simples, comedidos. Criou chapéus sem plumas, vestidos sem paetês. Mas a graciosidade e elegância apareciam mesmo por debaixo de panos simples. "O que torna uma roupa sublime é ganhar vida quando é vestida. O que Chanel deu às roupas femininas foi movimento. Ela ofereceu liberdade às mulheres", diz Anne.
Por Sabrina Passos (MBPress)
Por [Vila Fashion]
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