Nova diretriz médica orienta mulheres sobre o consumo da substância
Reuters
O Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia anunciou hoje (22) uma nova diretriz para orientar ginecologistas e obstetras: uma xícara de café por dia durante a gravidez não aumenta o risco de aborto.
Até recentemente, estudos clínicos chegavam a conclusões conflitantes sobre a relação entre o consumo moderado de cafeína e complicações na gravidez. Mas, em declaração à Reuters Health, o Dr William Barth, presidente do comitê formado pela sociedade americana para examinar a evidência, disse:
“Acho que já é hora de dizer, confortavelmente, que é aceitável tomar uma xícara de café durante a gravidez”.
Café: nova diretriz médica afirma que doses baixas de cafeína não oferecem risco à gestação
O comitê de prática obstétrica da entidade disse que 200 miligramas de cafeína por dia, aproximadamente a quantidade presente em uma xícara de 350 ml de café, não contribui significantemente para a ocorrência de abortos e partos prematuros.
Tal definição de “consumo moderado de café” também incluiria cerca de quatro xícaras de chá de 240 ml ou cinco latas de 350 ml de refrigerante por dia, ou ainda seis ou sete barrinhas de chocolate escuro. Segundo o comitê, as evidências não são claras se o consumo de mais de 200 mg de cafeína por dia poderia ou não aumentar os riscos na gravidez.
O grupo considerou dois estudos recentes, cada um deles contou com a participação de mais de 1.000 gestantes. O primeiro estudo, conduzido pelo Dr. David Savitz, do Centro Médico Mount Sinai de Nova York, não constatou um aumento no número de abortos em mulheres que consumiram níveis baixo, moderado ou alto de cafeína em diferentes períodos da gestação.
No segundo estudo, o Dr. De-Kun Li e seus colegas da Divisão de Pesquisa da Kaiser Permanente em Oakland constataram um risco maior de abortos em mulheres que consumiram mais de 200 mg de cafeína por dia, mas nenhum risco extra para níveis mais baixos do que isso.
O comitê também apontou duas outras pesquisas que constataram que o consumo moderado de café não aumentou a probabilidade da gestante ter parto prematuro. Estudos já mostraram que a cafeína é capaz de atravessar a placenta, o que levou a dúvidas sobre se ela pode causar aborto ou parto prematuro.
Savitz, que não participou na elaboração das diretrizes, declarou à Reuters Health: “Ela não é inativa, ela tem sim propriedades parecidas com as das drogas. Por ser tão consumida, é justificável que ela mereça uma atenção especial”.
Nos Estados Unidos, aproximadamente 16% das gestações são interrompidas por um aborto involuntário e cerca de 12% dos bebês nascem prematuros. Barth afirmou que estudos anteriores eram confusos e pouco claros sobre a relação entre cafeína e riscos na gravidez. Foram as novas descobertas com grandes grupos de mulheres que permitiram que o comitê se sentisse confiante de que o consumo moderado de café fosse seguro, e “tentasse chegar a uma conclusão sobre o assunto”, disse ele.
Enquanto algumas mulheres conseguem cortar por completo o consumo de cafeína durante a gravidez, outras podem apreciar muito aquela xícara diária de café e tentar cortar apenas um pouco – e as duas opções são válidas, dizem os especialistas.
De-Kun Li afirmou que apesar do relatório do comitê ser equilibrado, é recomendável pecar pela prudência – mesmo para níveis baixos de consumo de cafeína.
Para Savitz, a opinião do comitê poderia ajudar as mulheres a fazer escolhas durante a gravidez: “Não é nada chocante ou alarmante, ou que mude radicalmente nosso pensamento anterior. Mas, às vezes acho importante que grupos dominantes façam declarações desse gênero. Pode ser uma diretriz bastante útil para médicos e também para as próprias mulheres”.
* Por Genevra Pittman
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